segunda-feira, 31 de março de 2014

Local da próxima reunião

Pessoal, a próxima reunião ocorrerá no dia 01/04, às 19h00, na sala do Nepom (e não do Nepem), que fica no Pavilhão Multiuso I, UnB – Campus Universitário Darcy Ribeiro. 

Até lá!

sábado, 22 de março de 2014

Segundo encontro - Adiado para 01/04

O segundo encontro do grupo de estudos, previsto para 25/03, será adiado para 01/04, em virtude da realização do ato “Somos todas Cláudias: Ato em repúdio ao racismo e à violência racial”.

Aproveito para convidar a todas para participar do ato, que acontecerá no dia 25/03, a partir das 17h, na Praça Zumbi dos Palmares (em frente ao Conic).

No dia 01/04, às 19h00, o grupo discutirá o texto Pele negra, máscaras brancas, de Frantz Fanon (disponível no link: http://www.geledes.org.br/component/rsfiles/download?path=Frantz_Fanon_Pele_negra_mascaras_brancas.pdf&Itemid=678), em local a ser divulgado aqui no blog.

Princípios de funcionamento do grupo

Na primeira reunião do grupo, realizada em 11/03, foram oportunamente levantadas questões sobre sua composição e funcionamento.

A construção de um espaço de reflexão sobre gênero e raça - a partir de uma perspectiva feminista e antirracista em uma sociedade patriarcal/machista/homofóbica e racista - não é algo simples e não depende exclusivamente da boa vontade dos/das participantes (embora ela seja, sem dúvida, um pré-requisito). A escassez de iniciativas semelhantes e a adoção de um modelo de adesão voluntária e aberta ao grupo colocam ainda desafios adicionais, impostos pelo tamanho do grupo e pela diversidade de interesses e expectativas.

Ao procurar um modelo de funcionamento para o grupo, é fundamental reconhecer que não há respostas prontas ou simples. A busca por soluções deve se pautar pela criatividade e pela abertura à experimentação. Afinal, como mulheres negras, a construção de múltiplas formas de articulação da nossa diversidade (de inserção social, interesse, ponto de vista e/ou opinião) é a base para nossa imprescindível união no enfrentamento às opressões.

A partir desses pressupostos, depois de muitas conversas e ponderações, formulei alguns princípios gerais de funcionamento do grupo:

1) Reuniões abertas a todos/todas os/as interessados/interessadas.

Por se tratar de um grupo de estudos, portanto de natureza primordialmente acadêmica, pensado como um projeto de educação coletiva, não se impõem requisitos para a participação.

A participação de homens e pessoas não-negras pode contribuir para que a) estes segmentos se inteirem das perspectivas e discussões acadêmicas prioritárias para e promovida pelas mulheres negras; b) estes segmentos reflitam sobre seus próprios privilégios e possibilidades de ação/posição simultaneamente feminista e antirracista; c) nós, mulheres negras, em maioria numérica e em espaço destinado a essa finalidade, possamos experimentar formas de posicionamento e interação que não são geralmente possíveis em outros espaços acadêmicos.

2) As discussões serão articuladas em torno de temas de interesses das mulheres negras.

Nós, mulheres negras, gastamos talvez a maior parte de nosso tempo e de nossas energias no espaço acadêmico tentando explicar e provar que o racismo (assim como o patriarcado/machismo/homofobia) existe, que a raça impacta o gênero e nos que nossos objetos de estudo são legítimos e que o que fazemos é ciência. Esses “preâmbulos” pautam boa parte das discussões acadêmicas de que tomamos parte. Consequentemente, temos pouco tempo e energia para investir em nossos objetos de estudo e na produção de conceitos e teorias. Um dos objetivos do grupo é lidar com esse obstáculo.

A nossa experiência não nos permite considerar o racismo e sua conjugação com o patriarcado/machismo/homofobia como hipótese, posto que vivenciados por nós cotidianamente. O grupo se propõe a avançar em suas discussões a partir desse entendimento. Não terá por prioridade, portanto, explicar experiências e interesses de mulheres negras para homens e pessoas não-negras, embora seja esperado que essas pessoas possam refletir sobre posicionamentos e experiências (inclusive os seus próprios) em uma sociedade patriarcal/machista/homofóbica e racista.

 3) Os encontros seguirão o seguinte formato: exposição do texto, discussões em pequenos grupos (alguns exclusivos de mulheres negras), discussão com todo o grupo.

Os argumentos a favor de espaços exclusivos para mulheres negras foram amplamente debatidos na última reunião e estão presentes no excelente texto de Janaína Oliveira (http://blogueirasnegras.org/2013/10/22/precisamos-espacos-exclusivos). Por isso, os pequenos grupos de discussão contarão com grupos exclusivos de mulheres negras.

Quando houver pessoas não-negras e/ou homens em quantidade suficiente, essas pessoas podem também formar grupos exclusivos para debater sobre sua própria experiência.

Sugere-se às pessoas não-negras e homens que participem das discussões primordialmente a partir das reflexões sobre sua própria experiência social, evitando recair na reiterada prática acadêmica de objetificação das mulheres negras e suas experiências.

Os temas debatidos nos pequenos grupos e depois com todo o grupo serão previamente definidos, embora possam ser mudados durante o encontro. Sugestões são bem-vindas e devem ser enviadas com antecedência por e-mail.

4) Sobre a utilização de discussões como material de produção acadêmica.

Para evitar ações que, mesmo sem essa intenção, terminem por reiterar a objetificação das mulheres negras no espaço acadêmico, as discussões proporcionadas pelo grupo de estudo sobre as experiências de mulheres negras não deverão servir de material para produção acadêmica por parte de pessoas não-negras e/ou homens. Continua aberta a possibilidade de que essas pessoas produzam sobre suas próprias experiências e privilégios, tendo em vista seu posicionamento quanto a gênero e raça.

Não há como controlar tais ações por parte dos/das integrantes do grupo. No entanto, fica assim explicitado que essa prática é considerada objetificante e que, ao recorrer a ela, os/as participantes estão aderindo conscientemente a uma prática racista/patriarcal e se valendo, para tanto, de seus privilégios de gênero e raça.

Bruna Cristina Jaquetto Pereira
Coordenadora